NÃO ESCONDAM AS SUAS BOLSAS, MOSTREM A SUA ADMIRAÇÃO.

Eu sei que desde quando eu me entendo por gente, a sociedade impõe que mulheres devem se vestir de vestido, shorts não muito curtos, blusa que não mostre muito o seu corpo, seus cabelos devem sempre permanecer longos e bem penteados. Que homens devem se vestir com roupas de homem, calça, bermudão, blusa cavada, short curto (caso, tenham pernas lindas), inclusive, blusas com os seus super heróis favoritos.

Mas, és que surgem os sem gêneros, como eles devem se portar em uma sociedade que foi programada para pertencer a uma única padronização? 

O fato de falar sobre os sem gêneros não me faz roubar lugar de fala de ninguém (caso, eu esteja roubando me desculpem), mas me sentir a vontade suficiente para falar sobre esse assunto, pois, amo usar e ousar ao utilizar roupas.

Há alguns dias atrás, tive a oportunidade de utilizar uma peça de roupa sem o julgamento de minha mãe (lembro a vocês, que pessoas mais velhas tendem a julgar a forma como se vestimos com maior facilidade) o que para mim foi uma grande vitória, pois, aos poucos estou instruindo a ela que mulheres e homens hoje podem se vestir da forma como quiserem e como se sentem a vontade. Particularmente, me sinto muito a vontade ao utilizar roupas ditas “masculinas”, por terem um tecido muito mais leve, serem mais frescas.

Tive que ir a faculdade (para quem não sabe, faço faculdade de Logística e estou no meu terceiro semestre), então utilizei uma das minhas blusas que amo de paixão do Mickey Mouse, coloquei alguns adereços para ficar mais estilosa se vocês ainda não viram o meu look (cliquem aqui) e fui toda feliz e saltitante, ao pegar o coletivo procuro um lugar para sentar (sempre dou preferência para sentar ao lado de mulheres), me sento ao lado de uma  mulher que de imediato agarra a sua bolsa com uma força que me deixa completamente constrangida. Não fiz menção alguma de que pretendia fazer algo de ruim com ela, o fato de está tão constrangido que pedi a Deus que me enviasse alguma mulher com bolsa para que eu pudesse carregar, para dizer ao subconsciente dela “Olha, eu não sou uma pessoa do mal, esse é apenas o meu estilo mesmo. Pode largar a sua bolsa com tranquilidade.” Até que uma moça entra, fica do meu lado com os pertence dela, sem relutância a mulher me entrega. Então, percebo a sensação de alivio vindo da mulher que estava ao meu lado.

Ao sair da faculdade, após ter terminado de resolver as minhas pendências, chego ao ponto e encontro uma senhora com os seus 60 a 80 anos, passo por ela e os olhos da mesma me seguem como se estivesse nua na rua, quando a olhei ela estava me encarando, escondendo a sua bolsa como se estivesse preste a rouba-lá. Chegado o nosso buzão, espero que ela dê com a mão, ao perceber que eu iria pegar o meu coletivo que ela, a mesma se afasta e deixa com que eu pegue o meu coletivo. (Lembro a vocês, era uma mulher negra retinta). 

Na volta para casa, peguei um coletivo cheio e como não tinha lugar para sentar, resolvi sentar na parte da escada onde sobem os cadeirantes, passei a viagem quase inteira, sentada naquele lugar, ao chegar próximo ao meu bairro vagou um lugar e corri para sentar e lá estava uma mulher (que ao vê o meu estilo, resolveu também pressionar a sua bolsa contra o seu corpo, encolhendo-se no seu acento).

Chego à mera conclusão de que as pessoas tem mais temor de pessoas com estilo mais largado, menos despreocupado e a vontade, do que, do próprio ladrão (me desculpem), mas sabemos que o nosso maior inimigo está sendo pago com os nosso impostos, sabemos que muitos estão comendo muito bem  e tendo os seus espaços respeitados, quando o trabalhar ou estudante comum, quer apenas se sentir bem da forma como eles se vestem, como se portam, como se orgulham das suas conquistas de espaço e de informação.  Parem de nós julgarem, nós somos a massa que movimenta a economia te dando oportunidade de trabalho.